Homem sofreu acidente, passou por quatro cirurgias e foi liberado do hospital sem o devido tratamento
Uma denúncia sobre suposta negligência médica no Hospital das Clínicas Alvarenga, em São Bernardo do Campo, está gerando revolta e preocupação. Um paciente, que sofreu uma fratura exposta no tornozelo, foi submetido a duas cirurgias e recebeu alta médica mesmo com uma ferida aberta e infectada, desenvolvendo uma infecção grave chamada osteomielite.
A família do paciente, que prefere não ter seu nome divulgado, relatou ao Sobre ABC que o homem sofreu um acidente doméstico em 14 de dezembro de 2024 e foi socorrido pelo Samu ao Hospital de Urgência (HU). No dia seguinte, ele foi transferido para o Hospital das Clínicas Alvarenga, onde passou pela primeira cirurgia.
No dia 21 de dezembro, foi realizada uma segunda intervenção para a colocação de placas. No entanto, apenas um dia após a operação, no dia 22 de dezembro, ele recebeu alta sem que um médico explicasse o procedimento à família. Apenas uma enfermeira-chefe entregou o relatório da liberação.
Infecção não tratada e nova internação
Nos dias seguintes, a família percebeu que a ferida da cirurgia não apresentava sinais de cicatrização adequada. O paciente começou a sentir dores intensas e, no dia 8 de janeiro de 2025, sofreu um mal súbito, sendo novamente levado pelo Samu para a UPA Demarchi. Lá, os médicos identificaram que ele estava com anemia grave, provavelmente causada pelo uso prolongado de medicamentos pós-operatórios.
Após ser estabilizado, ele foi transferido de volta ao Hospital de Urgência, onde permaneceu internado até o dia 19 de janeiro. Durante esse período, tratou a anemia e uma úlcera, mas a lesão no tornozelo continuou sem acompanhamento adequado.
A situação se agravou quando a equipe médica, mesmo diante da ferida aberta e da infecção já avançada, deu alta ao paciente novamente. Ao buscar atendimento em uma Unidade Básica de Saúde (UBS), a família foi informada de que ele deveria ter permanecido internado no hospital.
Denúncia e investigação
Indignados, os familiares decidiram registrar um boletim de ocorrência e formalizaram uma denúncia na Ouvidoria da Saúde. No dia 21 de janeiro, o paciente foi internado novamente no Hospital das Clínicas, onde foi diagnosticado com osteomielite, uma infecção grave nos ossos, e precisará passar por uma quarta cirurgia.
A família questionou o Dr. Maurício, chefe da equipe médica, sobre a alta hospitalar precoce, e recebeu a resposta de que “é normal operar e liberar no dia seguinte”. No entanto, os familiares discordam e afirmam que, se ele tivesse permanecido internado para acompanhamento, não teria desenvolvido a infecção grave.
O médico que assinou a liberação da alta no dia 22 de dezembro foi identificado como Dr. Jairo.
O caso reacende o debate sobre a qualidade do atendimento hospitalar na região e a necessidade de maior rigor na avaliação médica antes da liberação de pacientes em condições de risco.
A reportagem do Sobre ABC continua acompanhando o caso e buscará esclarecimentos da administração do hospital.