Circulação com entrada gratuita acontece de 7 de fevereiro a 23 de março, em diferentes espaços de São Caetano do Sul, Mauá e São Paulo; o espetáculo foi construído a partir de história oral; cobradoras de ônibus do Terminal Parque Dom Pedro II foram entrevistadas e muitas das histórias encenadas são permeadas por violência de gênero, sobrevivência diária, luta por dignidade, mas também vidas que se emaranham no amor, amizade, solidão, revolta, traços comuns a todas as mulheres
“Quando você abre a porta do ônibus é igual uma porta de uma igreja, qualquer um entra: o preto, o branco, o pobre, o rico, o ladrão, o estuprador, ou seja, você vê de tudo um pouco.” Maria das Dores, cobradora.
Após 18 anos tendo o ônibus e a cidade como mote para suas investidas e pesquisas cênicas, o grupo paulistano Zózima Trupe retoma seu espetáculo “A Cobradora”, para uma circulação com entrada gratuita, de 7 de fevereiro a 23 de março, em São Caetano do Sul, Mauá e São Paulo. A peça traz no palco a atriz Maria Alencar Rosa, sob direção de Anderson Maurício, a partir da dramaturgia de Cláudia Barral. A Zózima Trupe é um coletivo teatral paulistano reconhecido desde 2007 pela pesquisa que faz sobre o ônibus urbano como espaço cênico, um lugar democrático e descentralizado do fazer teatral. Dessa percepção, somada às muitas histórias ouvidas das cobradoras do Terminal Parque Dom Pedro, nasceu o espetáculo, o primeiro da companhia a ser realizado em um palco italiano.
Em cena, a personagem Maria das Dores, que se renomeia Dolores por não gostar de seu nome. E ela segue sendo Dolores, um nome que traz em si a dor das mulheres que ela representa, encerra em si todas as Marias e outras mulheres que circulam por uma cidade árida, composta por empregos destinados a homens e outros a mulheres. Subverter é a ordem do dia.A dramaturgia de Claudia Barral traz para o palco todas essas “Marias” das histórias reais, trançadas umas às outras, permeadas pela violência, por mortes, pela sobrevivência diária em busca do sustento, da dignidade, vidas que se emaranham no amor, amizade, luta, tristeza, solidão, revolta, presentes em todas as mulheres. Cada narrativa tinha sua particularidade, mas em cada uma delas algo a ligava a outra mulher, com outra história, com semelhanças na dor, ou nos receios, ou nas expectativas. Únicas, mas ligadas por sentimentos comuns.
A pesquisa em A Cobradora vai além da trabalhadora das catracas, explorando a mulher que cobra direitos, percebe injustiças e exige igualdade, evocando a figura de “Lilith”, símbolo da insubmissão feminina e da luta contra opressões históricas. Paralelamente, surge a “Eva”, carregando a culpa atribuída pela destruição do Paraíso. Contudo, no mundo contemporâneo, é a violência masculina, refletida nas crescentes estatísticas de feminicídio, que destroi o paraíso — as casas, famílias e vidas de mulheres e filhos. Se há paraíso, é o homem quem o arrasa repetidamente.
Serviço
A Cobradora
- Duração: 65 minutos | Classificação indicativa: 16 anos
- Retirada de ingressos: Telefone e Whatsapp 11- 94872-5023
FEVEREIRO
7/2, sexta, às 20h e 8/2, sábado, às 11h
Fundação das Artes – R. Visc. de Inhaúma, 730 – Oswaldo Cruz, São Caetano do Sul – SP
14/2 e 15/2 – sexta e sábado, às 20h
Teatro de Mauá – R. Gabriel Marques, 353 – Vila Noemia, Mauá – SP
21 e 22/2 – sexta e sábado, às 20h, 23/2, domingo às 19h
Teatro Flávio Império – R. Prof. Alves Pedroso, 600 – Cangaíba, São Paulo – SP
26 e 27/2 – quarta e quinta, às 20h
Teatro Alfredo Mesquita – Av. Santos Dumont, 1770 – Santana, São Paulo – SP
MARÇO
13 e 20/3 – quintas, às 20h30
SP Escola de Teatro – Praça Franklin Roosevelt, 210 – Bela Vista, São Paulo – SP
22 e 23/3 – sábado, às 20h e domingo, às 19h
Centro Cultural Santo Amaro – Av. João Dias, 822 – Santo Amaro, São Paulo -SP