Dona Josefa, nascida em 1915, ficou cinco dias se recuperando no Hospital Nardini com disposição de quem ainda tem muito o que viver. Aos 110 anos, ela inspirou profissionais da saúde e mostra a importância do cuidado humanizado com os mais longevos
Água e mato. É assim, com simplicidade e bom humor, que Dona Josefa dos Santos resume a receita de sua impressionante longevidade. Nascida em 2 de maio de 1915, na Bahia, e moradora de Mauá há mais de 30 anos, ela acaba de completar 110 anos com disposição de dar inveja. Internada no Hospital Nardini para tratar de um problema circulatório no pé, já contava os dias para receber alta. “Não vejo a hora de voltar para os exercícios”, disse, sorrindo.
Apesar de o tratamento exigir cuidados, Dona Josefa se manteve animada durante os cindo dias da internação, sempre conversando com a equipe do hospital, a quem elogiou e agradeceu pelo atendimento. Ela recebeu alta nesta terça-feira (29/07). Sua fala tranquila, o bom humor e o sorriso constante contagiam todos ao redor. Quando fala em “água e mato”, explica que o “mato” se refere às verduras frescas que sempre fizeram parte de sua alimentação. “Verdura faz bem pra tudo”, ensina, relembrando os hábitos simples que cultiva desde a juventude.
Além de saudável, ela também é vaidosa com sua história. Sonha em ficar famosa. Participa ativamente do Programa Viver Bem, promovido pela Secretaria de Saúde da Prefeitura de Mauá. Ligada à UBS São João, Dona Josefa é assídua nas atividades do grupo, que incluem caminhadas, exercícios leves e momentos de convivência. “Ajuda muito. O corpo mexe, a cabeça também”, contou, mesmo um pouco sonolenta por conta da medicação.
Outra marca de sua vida saudável está nos costumes: “Nunca fumei e nunca bebi”, diz com firmeza, antes de rir e contar: “Bebi uma vez, quando ainda morava na Bahia. Cachaça, oras. Estava com dor e tomei mesmo, mas só aquela vez”.
Mãe de dez filhos — dois ainda na Bahia e oito em Mauá —, Dona Josefa é um verdadeiro patrimônio humano da cidade. Com 110 anos completos, faz parte de um grupo raríssimo: os supercentenários. Segundo dados do IBGE, cerca de 40 mil brasileiros têm 100 anos ou mais, mas pessoas que ultrapassam os 110 são casos excepcionais.
Esse grupo requer atenção especial da saúde pública. Por isso é muito importante o acompanhamento de doenças cardiovasculares, como hipertensão arterial e doença cardíaca. Um problema detectado precocemente, pode ser tratado e garantir a qualidade de vida. No caso de Dona Josefa, o tratamento segue bem, e ela logo estará de volta à sua rotina ativa.
A saúde dos longevos e superlongevos exige um cuidado humanizado e constante: alimentação adequada, prevenção de quedas, estímulos cognitivos e vínculos sociais são pilares fundamentais. Programas como o Viver Bem ajudam a garantir não apenas longevidade, mas qualidade de vida em todas as idades.
Dona Josefa é a prova viva disso. Mesmo com 110 anos e em recuperação, segue firme, bem-humorada e cheia de planos. “É água, mato e alegria. O resto é conversa”, diz ela, com a sabedoria de quem viu o mundo mudar — e agora, quer que o mundo a veja também.